Um crédito pessoal, um par de muletas e o medo de não conseguir chegar: Ana e Tiago vão a pé (quase) até Gaza



Ouviu um estrondo, qual terramoto. Correu ao quarto da mãe, que estava acordada, mas continuava deitada, a olhar para a janela. Paralisados, observavam juntos, mesmo ali à frente, a queda de um prédio, milhares de pedaços de entulho a serem cuspidos por uma boca de fumo negro. Soou então no quarto uma espécie de assobio e, dois segundos depois, novo estrondo, mais perto da sua casa. E depois outro, que parecia estar ainda mais perto.

Em segundos, esquematizou as hipóteses: se descessem, seriam esmagados pelo peso dos andares superiores; se subissem, seriam atingidos diretamente pelos mísseis que vêm do ar. O sonho de Tiago estava cheio de detalhes que a sua cabeça não tinha como ter fabricado sozinha. Aquele cenário fora construído com a informação retirada de centenas de vídeos e imagens de Gaza que tinha consumido nos últimos meses.

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