“És um saloio!”, “Isso é uma saloiada”, “Não passa de uma saloiice”, “Olha a batatinha saloia!”. Na região de Lisboa (e não só…), expressão “saloio” permanece em algumas marcas da linguagem (e de produtos), mas o que muitos não sabem é que saloio designou, durante séculos, as populações que habitavam os arredores a norte da capital.
José Fonseca Fernandes
Saloios eram todos aqueles que produziam os alimentos hortícolas ou de origem animal (como os célebres queijos, a par do pão saloio), traziam água para a cidade, tratavam dos transportes entre o campo e a cidade e faziam a lavagem da roupa dos alfacinhas nas ribeiras de água límpida dos arredores.
Nuno Fox
Em troca, passaram a fazer parte de um certo folclore urbano, a que não faltou um certo olhar de desdém tão típico “dos da cidade”. Por tudo isto, pode dizer-se que o saloio parece ser, no fundo, uma invenção da população da cidade, que no século XIX se queria, definitivamente, distinguia-se do resto dos habitantes do Termo. Mas tudo indica que as raízes desta população estão bem cravadas no solo da História.
Hoje, nas Histórias de Lisboa, partimos à descoberta dos saloios – uma viagem aos arredores da cidade.
Histórias de Lisboa é um podcast semanal do jornalista da SIC Miguel Franco de Andrade com sonoplastia de Salomé Rita e genérico de Nuno Rosa e Maria Antónia Mendes.
A capa é de Tiago Pereira Santos em azulejo da cozinha do Museu da Cidade – Palácio Pimenta.
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