Nacionalista, eurocético, historiador de formação, antigo pugilista, casado e pai de três filhos, autor de vários livros, e sem experiência política — assim é Karol Nawrocki, o novo Presidente eleito da Polónia. O candidato que venceu a segunda volta das eleições de domingo, com 50,89% dos votos contra os 49,1%% do centrista Rafal Trzaskowski, toma posse a 6 de agosto, sucedendo ao também conservador Andrzej Duda.
A candidatura de Nawrocki foi apoiada pelo partido nacionalista Lei e Justiça (PiS) e, na segunda volta, pelo partido de extrema-direita Confederação. O PiS apresentou-o como “candidato dos cidadãos”, independente e apartidário, e o próprio descreveu-se como “homem de carne e osso” que chegou até ao topo pelos seus próprios meios. “Eu sou um de vós, sou a vossa voz”, dizia nos comícios.
Nawrocki tem 42 anos, nasceu em Gdańsk, cidade portuária no norte da Polónia, numa família modesta. Estudou História na sua cidade natal e escreveu uma tese de doutoramento sobre a oposição anticomunista no nordeste da Polónia. Tem ainda um MBA (Master Business Administration, pós-graduação) em Estratégia e Gestão de Projetos.
O futuro chefe de Estado não teve qualquer tipo de experiência política antes da candidatura. Começou a trabalhar em 2009 no Instituto da Memória Nacional (IPN), que investiga os crimes nazis e comunistas cometidos durante o século XX e estuda a História moderna da Polónia. Após a guerra na Ucrânia, em fevereiro de 2022, o IPN supervisionou o desmantelamento de monumentos soviéticos, sob a “lei de desrussificação” dos espaços públicos, o que levou o Ministério do Interior russo a colocar Nawrocki na lista de procurados.
Entre 2017 e 2021 foi diretor do Museu da Segunda Guerra Mundial, em Gdańsk, que reorganizou para evidenciar o sofrimento do povo polaco durante o conflito, alinhando a narrativa com a retórica nacionalista e católica do PiS. Nesse ano, voltou ao Instituto da Memória Nacional e tornou-se diretor. Também o IPN foi utilizado como ferramenta de propaganda da direita conservadora.