Lula da Silva diz que acordo de paz na Ucrânia está perto e que acordo UE-Mercosul não prejudica produtores franceses



O presidente brasileiro, Lula da Silva, mostrou-se este sábado convicto de que se está “perto de um acordo” para o fim da guerra na Ucrânia, embora Putin e Zelensky tenham dificuldade em reconhecê-lo.  “Os dois líderes [os presidentes russo, Vladimir Putin, e ucraniano, Volodymyr Zelensky] têm dificuldade em explicar aos seus povos os limites” da ação militar, indicou Lula durante uma conferência de imprensa com a qual encerrou a visita de Estado a França.

Não se tem tudo o que se quer, mas o que é possível. E eles sabem o que é possível”, acrescentou o presidente brasileiro. Questionado expressamente se se referia a um hipotético acordo que implicaria que a Rússia mantivesse os territórios ucranianos que anexou, o que equivaleria a premiar o país invasor, Lula respondeu: “não cabe a mim” determinar os termos da paz. 

No entanto, pediu para se olhar para o conflito com realismo. “Putin não quer sair [da Crimeia], enquanto Zelensky não quer admitir que há territórios que são irrecuperáveis”, explicou. Lula insistiu que o Brasil está “à disposição” de ambos os países, para, juntamente com outros Estados do sul global, “procurar um acordo”.

Produtores franceses não serão prejudicados com acordo UE-Mercosul

Em Paris, no último dia da sua visita de estado, Lula garantiu que o acordo do Mercosul com a União Europeia (UE), que envolve 31 países e não apenas a França e o Brasil, não pretende “prejudicar os produtores franceses”.

Não quero que um produtor brasileiro prejudique um produtor francês. Eu quero que a gente se encontre e veja onde é que está o problema. Não é ideológico, é simplesmente económico. E vamos discutir para ver o que a gente pode fazer. Estou convencido que até eu deixar a presidência do Mercosul (em dezembro), vamos ter esse acordo assinado”, afirmou Lula da Silva.

Segundo o líder brasileiro, o Parlamento Europeu deverá aprovar o acordo, porém o acordo entre a UE e o Mercosul (Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai) “tem de ser coletivo”, não é apenas “um acordo unilateral entre a França e o Brasil”, já que o Presidente francês, Emmanuel Macron, tem reiterado as suas críticas ao atual texto do acordo, por representar um risco para a agricultura dos países europeus.

“Há uma necessidade política na França de vender a ideia de que se houver um acordo entre a UE e o Mercosul, a agricultura francesa e a europeia vão ter prejuízo, porque eles não conseguem competir com o agronegócio brasileiro”, acrescentou, defendendo uma “complementaridade” entre as agriculturas dos dois países.

Lula voltou a rebater esta perspetiva afirmando que Macron “se queixa de um acordo que foi feito pelo Governo brasileiro anterior”, que nem o seu próprio Governo aceitou, por essa razão foram feitas mudanças.

“Não queremos prejudicar o produtor francês. Eu não quero prejudicar. Não está na minha cabeça que a gente faça um acordo para matar o pequeno e médio produtor francês. O que quero é os pequenos produtores franceses junto com os pequenos produtores brasileiros”, defendeu.

By admin

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *