Os sacos de pano espalhados pelo auditório com palavras como progresso, motivação, inovação, futuro, superação, ou integração, davam pistas sobre algumas das mensagens fortes para o que se iria passar hoje na conferência Educação e Transformação, evento que reuniu, alunos do secundário, universitários, professores, profissionais da educação, investigadores e decisores políticos para refletir sobre o presente e o futuro da escola em Portugal.
Com um programa intenso e diversificado, o encontro destacou a importância de colocar o aluno no centro do processo educativo e reforçou o papel da escola como espaço de inclusão, cidadania e bem-estar. Ao longo do dia, discutiram-se temas como a saúde mental nas escolas, a valorização da profissão docente, a transformação digital no ensino e o impacto das desigualdades sociais no percurso dos alunos. A urgência de repensar práticas pedagógicas e de investir na formação contínua dos professores também foi sublinhada no evento organizado pela WIN World, que contou com o Expresso como media partner.
De manhã foram seis os temas de conversa – “Educação: o motor de transformação das sociedades”, “Por nós: a nossa história, o nosso lugar, o nosso futuro”, “Aprender nos dias de hoje: contextos, desafios, estímulos que nos impactam”, “Ir além do óbvio: projetos e práticas inovadoras na Educação” e “Liderar para o futuro: escolas e sistemas em mudança”
Além de muitos alunos do secundário e universitários, participaram nas sessões, entre outros, Carlota Ana Ribeiro Ferreira, fundadora da WIN World; Francisco Pedro Balsemão, CEO do Grupo Impresa; Margarida Rebocho, administradora-delegada da Fundação Semapa; Nuno Crato, professor-investigador da Universidade de Lisboa; Frederico Fezas-Vital, diretor-executivo Yunus Social Innovation Center; Alexandre Castro Caldas, professor catedrático na Faculdade de Medicina da Universidade Católica Portuguesa; Ana Rita Bessa, CEO Leya; Pedro Abrantes, professor da Universidade Aberta; Laurinda Alves, professora de Comunicação, Liderança e Ética; Sara Aguiar, especialista em inovação e impacto; Maria Azevedo, cofundadora e Chief Program Officer da Teach For Portugal; Vanda Martins, administradora da Fundação EDP; Ana Mira Vaz, diretora pedagógica do Colégio Pedro Arrupe; Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP); João Trigo, diretor geral do colégio Efanor; José Lourenço, diretor do Agrupamento de Escolas da Baixa da Banheira; e Mafalda Sá Água, diretora técnica e pedagógica do Abrigo Infantil de Santa Maria de Belém.
Após o almoço o foco esteve em temas como “A tecnologia a favor da Educação”, “A humanização que nos amplia”, “Literacia mediática: um tema incontornável”, “A voz dos professores: notas sobre o estudo da Fundação Pedro Queiroz Pereira”, “A voz dos professores e a transformação da sala de aula” e “Projetar futuros para a Educação em Portugal”, debates que contaram, entre outros,com Bernardo Caldas, especialista em tecnologia, dados e IA; Rui Marques, gestor e empreendedor social; Fernanda Bonacho, professora-investigadora na ESCS-LIACOM; Miguel Herdade, diretor do The Access Project UK; Pedro Freitas, investigador da Universidade de Oxford; Henrique Leitão, investigador; Inês Oom de Sousa, presidente da Fundação Santander Portugal; Pedro Santa Clara, diretor TUMO Portugal; Rodrigo Castro, CEO da Educa-te e Inês Rodrigues, professora no Agrupamento de Escolas de Águas Santas.
Na parte final, Armindo Monteiro, presidente da CIP, e Martim Cunha Rego, filósofo, abordaram o tema “E agora? Pensamentos e esperanças em ação”. No final do intenso dia de trabalho ficou a certeza de que transformar a educação é um desafio urgente e possível. Com as palavras progresso, motivação, inovação, futuro, superação ou integração sempre em mente.
Conheça algumas das principais conclusões:
Aprender em casa e na escola
- “Não basta estar na escola, é preciso aprender quando se está na escola”, disse Nuno Crato, que deixou um grande alerta: “De 2001 a 2015 o país estava a subir em todas as áreas, de 2016 para cá desceu em todas as áreas”.
- “A escola está de portas e janelas trancadas e isso tem um impacto maior do que aquilo que achamos”, comentou Gabriel Rosa, ele que defendeu que “os alunos deviam ser ouvidos” nas tomadas de decisão. O aluno de 11.º ano defendeu iniciativas do género também fora de Lisboa. “Não podemos ter bons pneus e jantes e depois o motor não funciona”, comentou Salvador Pereira Coutinho, outro estudante.
- “A leitura deve começar em casa”, opinou Ana Rita Bessa, apesar do papel importante da escola nesta matéria.
- “O telemóvel está aí, não se pode deitar fora. Se queremos as crianças na escola, não lhes vamos tirar os telemóveis, mas sim adaptá-lo à escola, deve adaptar-se às circunstâncias”, opinou Alexandre Castro Caldas. “Era bom educar os pais. Os miúdos estão agarrados ao telemóvel até altas horas”, reforçou Filinto Lima.
- “A liderança que interessa nas escolas é a dos professores e do que se passa na sala de aula. O professor tem papéis mais alargados, deve ser o líder que apoia os alunos a encontrar o seu lugar no Mundo”, afirmou João Trigo.
- “Precisamos de reequilibrar relações com os outros, com o planeta vivo e com a tecnologia”, disse Rui Marques.
- 40% dos professores reformou-se entre 2020 e 2030, seis em dez professores dizem que a sociedade, em geral, valoriza pouco a sua profissão, e dois em três docentes usa inteligência artificial. Estas são algumas conclusões do estudo levado a cabo pela Fundação Pedro Queiroz Pereira.
- Pedro Santa Clara apontou para uma escola “profundamente desigual”.
- Inês Rodrigues pediu simplificação nos processos burocráticos. “Os professores perdem muito tempo com tarefas que não deviam ser deles”, disse
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