O presidente da Câmara de Lisboa considerou o ataque a um dos atores do teatro A Barraca por um grupo de extrema-direita “inadmissível” e quer ação do governo central no sentido do reforço dos meios policiais na capital. Carlos Moedas dirigiu-se ao teatro ainda ontem à noite, quando soube do episódio de violência, e apela ao Governo para fazer mais no reforço policial: não pode haver hoje menos polícia na cidade de Lisboa do que havia há 14 anos, diz.
“É inadmissível este tipo de ataques, um ataque à nossa identidade, à nossa cultura”, disse esta quarta-feira em declarações à SIC, depois de já ter estado com o filho da vítima e com a encenadora Maria do Céu Guerra. “Ontem apercebi-me do ataque, fui lá, estive com o filho do ator [Adérito Lopes] e com Maria do Céu Guerra. Fui um dos primeiros a falar em segurança e já pedi uma reunião de urgência à senhora ministra da Administração Interna, precisamos de atuar”, diz.
Carlos Moedas equipara o extremismo à direita e o extremismo à esquerda no sentido em que “os extremismos são violentos” e, por isso mesmo, inadmissíveis. “Este caso é inadmissível, não podemos deixar que um ator tenha medo de ir para o teatro trabalhar”, insistiu, lembrando que a tutela da polícia não é da responsabilidade da autarquia e apelando ao governo central para fazer mais.
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“Deixo aqui um grito de alerta ao Governo, porque precisamos de ajuda, e a segurança na cidade é feita pelo Estado central. Hoje há menos polícia do que há 14 anos, em 2010, isso tem sido um problema”, afirmou, sublinhando que tem lutado para que a polícia municipal possa fazer detenções e para haver um aumento do número de polícias na cidade, bem como para o reforço de meios de vigilância. “Não podemos não falar do tema”, disse, referindo-se ao facto de durante muito tempo o tema da insegurança ter sido um tema exclusivo dos partidos de extrema-direita.
Na última noite, três atores de A Barraca foram agredidos à porta da sala de teatro, em Santos, Lisboa, por um grupo de neofascistas, tendo um deles, o ator Adérito Lopes, recebido tratamento no Hospital de São José. Segundo a atriz e encenadora Maria do Céu Guerra, “cerca de 30 pessoas estavam à porta do teatro e iam insultando os atores que estavam a chegar ao trabalho”. Simultaneamente lançavam panfletos onde se lia “remigração, Portugal aos portuguezes [sic], e defende o teu sangue“.