O presidente executivo do Millennium BCP admitiu esta segunda-feira disponibilidade para analisar uma compra do Novo Banco caso os acionistas optem pela venda direta e não pela entrada em bolsa, mas sublinhou que plano do seu banco é crescer organicamente.
“Analisamos essa oportunidade do Novo Banco se os acionistas do Novo Banco entenderem que a via não IPO é uma via que é interessante para eles. Nessa altura analisaremos, sem nenhuma preocupação”, disse Miguel Maya aos jornalistas, à margem da Money Conference, que decorreu hoje em Lisboa.
O responsável da instituição cotada em bolsa afirmou que não está, por enquanto, “a equacionar nenhum cenário”.
“Como volto a dizer, o crescimento do BCP é orgânico, temos demonstrado capacidade de fazer esse crescimento”, acrescentou.
Presidente do BPI desconhece interesse do Caixa Bank
A Lone Star, que detém 75% do Novo Banco, continua a preparar o banco para uma OPV – Oferta Pública de Venda (ou IPO – Initial Public Offering na expressão em inglês habitualmente usada no meio financeiro), mesmo que tenha interesse de compradores, sendo de notar que qualquer negócio exigiria apoio do Governo português, que detém o restante do Novo Banco.
Outros nomes também têm sido associados ao Novo Banco, como a Caixa Geral de Depósitos, o maior banco do país em ativos, que afirmou em fevereiro que está a analisar uma possível aquisição, ou, segundo a imprensa internacional, o Caixa Bank. Esta segunda-feira, também à margem da Money Conference, João Pedro Oliveira e Costa tenha dito à Lusa que desconhece qualquer interesse do seu acionista espanhol.
“O BPI não tem, e eu não tenho, conhecimento de nenhuma operação que esteja em curso e a estratégia do CaixaBank compete ao acionista, por isso compete a ele próprio defini-la. O BPI não está envolvido em nenhuma operação, nós não temos em curso nenhum estudo sobre a operação do Novo Banco”, disse João Pedro Oliveira e Costa à Lusa, à margem da Money Conference, que decorre em Lisboa.
O gestor afirmou que o acionista não falou com o BPI sobre essa operação, que até agora toda a informação é que o BPI se mantém focado no crescimento orgânico (aumento do negócio sem aquisições) e reforçou que “qualquer decisão estratégica do acionista compete ao acionista”.
“A estratégia que tem sido afirmada pelo CaixaBank tem sido sempre de crescimento orgânico. Claro que se oportunamente houver algo semelhante conto que estejamos envolvidos, mas neste momento aquilo que me é dito pelo meu acionista é crescimento orgânico e é nisso que estou focado”, disse.
Ser ou não ser espanhol
Sobre o risco de maior dominância de Espanha na banca portuguesa, considerou que num contexto europeu não interessa a origem do capital e disse ficar incomodado com o tema da ‘espanholização’ da banca portuguesa.
“Num contexto europeu o que nós queremos são instituições fortes, europeias, que suportem as nossas economias e que haja cada vez mais capacidade de nós termos uma voz internacional. Se nós continuarmos, ainda para mais sendo um pequeno país e uma pequena economia, a fecharmo-nos sobre nós próprios vai ser muito complicado”, afirmou.
João Pedro Oliveira e Costa disse que o BPI é detido na totalidade pelo grupo espanhol Caixabank, mas que o centro de decisão é em Portugal e decide em Portugal todas as operações de crédito.
Seguindo a posição de Paulo Macedo, o ministro das Finanças, Miranda Sarmento, disse a semana passada em entrevista à RTP que seria bom “para o mercado bancário português que a presença espanhola não aumentasse”.
O Novo Banco foi criado em agosto de 2014 para ficar com parte da atividade bancária do BES, no âmbito da resolução deste.
O principal acionista do Novo Banco, Lone Star (tem 75% do banco), anunciou para este ano a venda de parte do banco. A imprensa tem noticiado o interesse do espanhol CaixaBank, que não comenta oficialmente o tema.
O Novo Banco revelou no início do mês que teve lucros de 177,2 milhões de euros no primeiro trimestre, menos 1,9% do que nos primeiros três meses de 2024.
A Lone Star anunciou para este ano a venda de parte do banco em bolsa e um plano de distribuição de dividendos para tornar a instituição atrativa para os investidores.