À distância de um clique, é possível agendar uma consulta em menos de uma hora e a um preço acessível



Com 1,6 milhões de portugueses sem médico de família, as filas nos centros de saúde multiplicam-se para agendar uma consulta. Mas à distância de um clique, é possível encontrar um médico e marcar uma teleconsulta em apenas 60 minutos, graças a uma startup portuguesa que já foi reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Com dez anos de existência, a plataforma Knok facilita, em média, duas mil consultas por dia, “o que nos torna um hospital de muito grande dimensão”. “O nosso principal serviço são consultas de telemedicina, são remotas, são digitais, são 24 horas por dia, sete dias por semana e tipicamente prestamos saúde primária”, explica José Bastos, cofundador e CEO da startup de tecnologia da saúde.

A ideia surgiu quando os filhos de José Bastos adoeciam “semana sim, semana não”. Com o tempo ocupado pelo seu emprego, sentiu que precisava de um “tipo de serviço que permitisse uma ligação muito rápida aos médicos”. Desta dificuldade nasceu a Knok, que atualmente realiza por ano entre 600 e 700 mil consultas, desde saúde familiar, psicologia, pediatria até à nutrição, a preços acessíveis e com a possibilidade de falar com um médico em menos de uma hora.

José Bastos acredita que a elevada adesão à plataforma e o interesse de seguradoras de saúde e de vários grupos de hospitalares deve-se aos preços acessíveis por médicos de qualidade, que são avaliados antes de integrarem este serviço. “Com as seguradoras ou com os planos de saúde, na maior parte dos casos, para o paciente, o custo é sensivelmente zero”, garante.

O sistema da Knok permite ainda que o agendamento da consulta seja feito consoante o horário e disponibilidade dos médicos nos próximos meses, para facilitar o acompanhamento médico, se necessário. “Na medicina geral e familiar, é um requisito que acontece com menos frequência, porque, em regra, as pessoas ficam tratadas à primeira, mas em áreas como nutrição ou saúde mental, é crítico e é uma garantia que os pacientes têm”, afirma.

Tal como o processo de marcação, o acompanhamento funciona de forma muito simples com o envio de um link através de mensagens ou emails. “Qualquer pessoa, que tenha até um nível de literacia digital baixo” consegue utilizar o sistema. Mais de um terço dos utilizadores da Knok têm mais de 65 anos, “porque é mesmo muito simples de utilizar”.

Também para os médicos há vantagens em recorrer à Knok devido a uma plataforma que integra ferramentas de inteligência artificial, Panacea. Entre as várias facilidades, elabora autonomamente o registo clínico durante a teleconsulta, sendo este depois revisto e validado pelo profissional, consegue analisar dados de exames e outros documentos e compilá-los, e sugerir terapêuticas em doenças crónicas ou prolongadas. “Pode ajudar verdadeiramente um profissional de saúde a fazer o seu trabalho de maneira mais eficiente”, afirma José Bastos.

Plataforma Panacea

Knok

Estas ferramentas permitem que o médico esteja focado apenas na parte clínica e não em trabalho burocrático. “Desta maneira, estamos a dar superpoderes ao profissional e não estamos a retirar qualquer mérito ou qualquer valor ao trabalho que ele faz, pelo contrário, acho que o estamos a reforçar”, salienta ainda.

No final de 2024, a Knok foi reconhecida pela OMS, que a classificou como “exemplar” na monotorização da qualidade do cuidado da telemedicina, em especial na centralidade do paciente, eficácia clínica e segurança. “Ficámos muito orgulhosos com resultado” e que “saibamos, fomos literalmente a primeira empresa do mundo a passar por aquele processo” de avaliação. “De repente pensamos assim: estamos a fazer as coisas bem. Isso, para nós, é mesmo muito importante, porque temos sempre o desejo de nos superarmos”, acrescenta ainda o CEO da startup.

Com esta plataforma integrada em Portugal, Itália, Reino Unido, Brasil, Chile, Colômbia e outros países na América do Sul, o mercado nacional continua a ser o principal, mas há vontade de expandir ainda mais além-fronteiras. “Acredito mesmo que aquilo que fazemos tem valor, gera impacto social e há espaço para a criação de valor e impacto social em todo o mundo”, confessa.

A ajuda imprescindível dos fundos comunitários

O projeto Knok foi apoiado pelo Fundo de Inovação Social, um instrumento do Portugal Inovação Social, do qual recebeu cerca de 1,43 milhões de euros através do Fundo Social Europeu.

José Bastos explica que este apoio não é apenas financeiro, mas um “apoio estratégico no nosso desenvolvimento de negócio”. Este tipo de fundo permitiu estabelecer uma “mão” amiga. “Por exemplo, eles têm ótimas ligações no Brasil e fizeram-nos algumas introduções mesmo muito importantes no Brasil quando começamos a olhar mais a sério para este mercado”, exemplifica.

Conhecer ideias que contribuem para uma Europa mais competitiva, mais verde e mais assente em direitos sociais são os objetivos do projeto Mais Europa.

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