Quem quiser perceber o que foram os Guns N’ Roses só precisa de consultar as taglines de “It’s So Easy And Other Lies” e/ou “Slash”, as biografias de Duff McKagan e Slash, respetivamente: “a derradeira história de excesso rock”, no caso do primeiro, “lá por parecer excessivo não quer dizer que não tenha acontecido”, no do segundo. Gostamos que as estrelas rock nos surjam não como deuses, mas como pecadores: cultivamos uma hagiografia ao contrário, porque o rock, como se sabe, é a música do diabo, e quando bate faz-nos ver o inferno. Em nova incursão por Portugal, os Guns N’ Roses – que uma vez mais, infelizmente, não se deixaram fotografar pela imprensa – trouxeram uma digressão a que deram o nome de “o que querem e o que têm são duas coisas completamente diferentes”, em tradução livre. O que se viu em Coimbra não foi o inferno e esta não foi, por algumas horas, uma cidade-paraíso semelhante à que os norte-americanos cantam num dos seus temas de maior sucesso e que, nesta noite de sexta-feira, foi a última a ouvir-se.